quarta-feira, julho 16, 2008

"O triunfo dos porcos"

Sentindo chegar sua hora, Major, um velho porco, reúne os animais da fazenda para compartilhar de um sonho: serem governados por eles próprios, os animais, sem a submissão e exploração do homem. Ensinou-lhes uma antiga canção, Animais da Inglaterra (Beasts of England), que resume a filosofia do Animalismo, exaltando a igualdade entre eles e os tempos prósperos que estavam por vir, deixando os demais animais maravilhados com as possibilidades.

O velho Major faleceu 3 dias depois, tomando a frente os astutos e jovens porcos Bola-de-Neve e Napoleão. Após clandestinas reuniões para traçar as estratégias, Sr. Jones, então proprietário da fazenda, descuidou-se na alimentação dos animais, mal sabendo que este seria o rastilho da revolução para aqueles bichos.

Sob o comando dos inteligentes e letrados porcos, os animais passaram a chamar a Quinta Manor de Quinta dos Animais e aprenderam os 7 Mandamentos, que, a princípio, ganharam a seguinte forma:

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.

Para os animais menos inteligentes, os porcos resumiram os mandamentos apenas na máxima "Quatro pernas bom, duas pernas ruim" que passou a ser repetido constantemente pelas ovelhas. Após a primeira invasão dos humanos, na tentativa frustrada de retomar a fazenda, Bola-de-Neve luta bravamente, dedica todo o seu tempo ao aprimoramento da fazenda e da qualidade de vida de todos, mas, mesmo assim, Napoleão o expulsa do território, alegando sérias acusações contra o antigo companheiro. Acusações estas que se prolongam por toda história, mesmo após o desaparecimento de Bola-de-Neve, na tentativa de encobrir algo ou mesmo ter alguma explicação para os animais para catástrofes, criando-se um mito em torno do porco que, a partir daí, é considerado um traidor.

Napoleão se apossa da idéia de Bola-de-Neve de construir um moinho de vento para a geração de energia, mesmo havendo feito duras críticas à imaginação do companheiro, e inicia a sua construção. Algum tempo depois, os porcos começam a negociar com os agricultores da região, recusando a existência de uma resolução de não contactar com os humanos, apontando essa idéia como mais uma invenção de Bola-de-Neve. Os porcos passam ainda a viver na antiga casa de Sr. Jones e começam a modificar os mandamentos que estavam na porta do celeiro:

4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais do que outros.

O hino da Revolução é banido, já que a sociedade ideal descrita, segundo Napoleão já teria sido atingida sob o seu comando. A comunidade se torna uma República e Napoleão, como único candidato, se torna o presidente por unanimidade. As condições de trabalho se degradam, os animais recebem novo ataque humano e já não se lembram se na época em que estavam submissos ao Sr. Jones era mesmo pior, mas lembravam-se da liberdade proclamada, e eram sempre lembrados por sábios discursos suínos, principalmente os proferidos por Garganta. Napoleão, os outros porcos e os agricultores da vizinhança celebram, em conjunto, a produtividade da Quinta dos Animais. Os outros animais trabalham arduamente em troca de míseras rações. O que se assiste é um arremedo grotesco da sociedade humana.

O slogan das ovelhas fora modificado ligeiramente, “Quatro pernas bom, duas pernas melhor!”. No final, os animais, ao olhar para dentro de casa, já não conseguem distinguir os porcos dos homens.


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O Triunfo dos Porcos é um romance alegórico da autoria de George Orwell, tendo sido escolhido pela revista Time como um dos 100 Melhores da Língua Inglesa e foi o 31º na lista dos Melhores Romances do Século 20 da renomada Modern Library List.

Escrito numa época com um contexto histórico diferente, este romance tem-se mantido actual. Presentemente, o futebol português, é um completo chiqueiro, onde se movimentam as mais ilustres personagens dignas de figurar em tal romance. Mais, penso que neste caso, a propria realidade ultrapassou largamente a ficção. As mudanças no futebol luso dos ultimos 15/20 anos, são a ilustração da tal revolução dos porcos. As situações patéticas que têm vindo a lume são o corolário da tomada do poder por elementos dignos sucessores do porco Napoleão, bem como as ovelhas são os fiéis adeptos andrades.

Tenho esperança (ainda), que o rumo das coisas possa voltar um dia ao seu curso natural, mas enquanto a “revolução dos porcos” de mantiver, ainda iremos ver muito mais, e quiçá muito pior...

1 comentário:

Anónimo disse...

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